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O VALOR DA
INDÚSTRIA DAS PREVISÕES
A coluna do professor Delfim Netto no Valor Econômico (ou ao menos o seu começo) deveria ser leitura obrigatória para todos os financistas. Quase lição de casa, daquelas que o chefe faz chamada oral no dia seguinte. Ainda que eu não concorde com tudo, há alguns pontos formidáveis.
Veja este trecho: “fazer previsões é exercício extremamente arriscado. O futuro é opaco e o sistema econômico de mercado é sujeito a interações entre indivíduos, que se autoorganizam de forma muito complexa, e que, portanto, podem sujeitá-lo a eventos insuspeitados. A evolução da atividade econômica pode ser interrompida abruptamente, sem que haja possibilidade de prever o momento da ruptura. Aquelas interações são não lineares, o que impõe a sua dinâmica um comportamento que dificilmente pode ser antecipado e controlado”.
Segundo o próprio Delfim, precisamos enfrentar os três problemas. Um real. Os outros dois criados pela imaginação dos analistas do sistema financeiro e incorporados pelo Banco Central.
O problema é amplificado não pela má qualidade das previsões. Isso é parte inerente do jogo e infelizmente ainda não desenvolvemos a capacidade de comunicação com o oráculo - e olha que estamos tentando há algum tempo. A questão ganha proporções muito maiores por conta da forma como se interpretam as previsões. O que deveria ser visto como one piece of information é, na verdade, encarado como o resumo de toda a análise. Não sei se isso é culpa de quem formula os modelos e não comunica suas fragilidades adequadamente ou daqueles que passam a usar os modelos desenvolvidos por outrem sem preocupar-se com as fraquezas de cada um dos métodos.